Rio -  Sem noção, convencido, indiscreto, chato, tagarela... A lista de defeitos para o Burro Falante da animação ‘Shrek’ é enorme. Mas a verdade é que, quando entra em cena, ele faz todo mundo gargalhar e se emocionar com as suas tiradas. Responsável por dar vida ao personagem na versão adaptada para o teatro, Rodrigo Sant’Anna, a Valéria (“Ai, como eu tô bandida”) do ‘Zorra Total’, garante que não vai deixar barato e promete ‘tocar o terror’ na estreia de ‘Shrek — O Musical’, hoje, no Teatro João Caetano.
Musical estreia no Rio | Foto: Divulgação
Musical estreia no Rio | Foto: Divulgação
“Usei o subúrbio como referência para os diálogos do Burro. Com a Fiona, por exemplo, falo: ‘E aí, princess’ (princesa). Também a chamo de ‘Nem’. Dou uma abrasileirada no personagem, sempre com um linguajar mais suburbano”, diverte-se o intérprete do animal, que na versão original do cinema foi dublado pelo ator americano Eddie Murphy.
O papel do temível, porém amável, ogro coube a Diego Luri, que confessa se identificar um pouco com ele. “Apesar de ser um cara grande, também tenho um coração enorme. Mas o que tenho de mais parecido com o Shrek é que sou estabanado como ele. Fomos fazer uma reportagem nos principais cartões-postais do Rio e eu derrubei, sem querer, uma moça no chão. Eu já sou desastrado, vestindo esse figurino, então, que tem essa cabeça pesada, é pior ainda”, ri Diego, que gasta cerca de R$ 2 mil em maquiagem e próteses de silicone a cada apresentação, para ficar igual ao Shrek.

Ator tem destaque em peça | Foto: Marcio Mercante / Agência O Dia
Ator tem destaque em peça | Foto: Marcio Mercante / Agência O Dia
Já Fiona, que tem modos nada convencionais para uma princesa de contos de fadas, é interpretada pela atriz Sara Sarre, que diz ter sentido dificuldades com os hábitos da moça. “Tive que aprender a ser um pouco ogra e até a arrotar sem estar com vontade por conta da personagem. Mas tudo tem sido maravilhoso, o clima é muito bom e eu sou muito brincalhona”, revela Sara.
Assim como no filme que gerou o espetáculo, o Burro se torna o fiel escudeiro do ogro Shrek na peça. Juntos, eles partem na missão de libertar a princesa Fiona, aprisionada num castelo vigiado por um dragão.
Levitação e dragão gigante no palco
No espetáculo, a princesa Fiona se transforma em ogra, como na história original, aos olhos do público. Para isso, um número de levitação foi concebido pelo maior ilusionista brasileiro, Issao Imamura. Segundo o diretor do musical, Diego Ramiro, a atriz não será presa por cabos. “Trouxemos o Issao para nos dar consultoria nesse efeito, que ficou especial, pois ela voa como mágica. Ela faz uma espécie de levitação. Toda essa parte técnica dos espetáculos musicais está evoluindo cada vez mais. Hoje, eles estão bem próximos dos americanos”, diz o diretor
A montagem ainda terá um boneco articulado da Dragona (personagem que no filme se torna a namorada do burro e tem filhotinhos com ele), que tem oito metros de altura e precisa da ajuda de quatro homens para ganhar movimento. Estimada em R$ 10 milhões, a produção nacional do musical que nasceu na Broadway tem tradução assinada por Cláudio Botelho. “No original, eles tiram sarro de muitas peças que não foram montadas aqui. Ajustamos e falamos dos musicais que já foram apresentados no Brasil”, conta Cláudio.